Trabalho comunitário

Mensalão: Silvio Pereira vai fiscalizar garis e fazer atendimentos na recepção de prédio da Prefeitura de SP

Publicada em 07/03/2008 às 23h23m

RIO - O ex-secretári

o-geral do PT Silvio Pereira vai começar na próxima semana a cumprir o acordo com a Justiça que o livrou de responder ao processo do Mensalão no SupremoTribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira, ele foi a uma subprefeitura de São Paulo acertar detalhes do cumprimento do acordo.

Silvio Pereira se apresentou ao departamento de recursos humanos nesta sexta e ouviu o que a subp

refeitura do Butantan, na Zona Oeste de São Paulo, quer que ele faça lá. Segundas, terças e quartas-feiras, atendimento ao público na recepção do prédio. Quintas e sextas, zeladoria: andar pelo bairro para identificar os problemas que a população enfrenta, além de fiscalizar o trabalho dos garis, mas não vai precisar varrer as ruas. Mas o que ele vai fazer mesmo só será definido na semana que vem, porque o ex-secretário-

geral do PT, que atualmente é cozinheiro no restaurante da família, quer fazer outra coisa.

- Minha idéia era fazer uma cozinha simples, para ensinar a crianças ou a mães de crianças carentes. E fazer uma horta comunitária para as crianças - disse Silvinho.

Silvinho fez esse acordo com a juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, para não ser condenado a uma pena de 1 a 3 anos de prisão. O acordo foi fechado a pedido da Procuradoria Geral da República, que suspendeu condici

onalmente seu processo por formação de quadrilha. Silvinho terá que cumprir 750 horas de serviço comunitário na subprefeitura do Butantã. Ele se dispõe a trabalhar das 14h às 17h. Nesse ritmo, trabalharia 72 horas por mês, o suficiente para se ocupar nos próximos dez meses; mas Silvinho quer ter a liberdade de cumprir as 750 horas em

três anos. Ele não pretende ir todos os dias ao trabalho.

" Acho que o principal erro foi ter entrado na vala comum dos crimes eleitorais. Não deve existir partido políti co no Brasil hoje que não tenha feito uso de instrumentos de caixa dois "

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Em entrevista ao Jornal Nacional, ele assumiu uma culpa;

- Acho que eu tenho uma responsabilidade imensa. Fiz parte da direção que cometeu alguns erros políticos e eu, enquanto membro dessa direção também sou responsável por esses erros. Eu acho que a decisão está numa medida justa.

Entre esses erros, disse, o principal não seria o de dar dinheiro a aliados do governo:

- Acho que o principal

erro foi ter entrado na vala comum dos crimes eleitorais. Não deve existir partido político no Brasil hoje que não tenha feito uso de instrumentos de caixa dois - confessou.

Antes de ir embora, o

homem que foi acusado de negociar cargos públicos em uma sala do Palácio do Planalto decidiu falar sobre o caso que o deixou conhecido: a denúncia do Jornal Nacional de que ele recebeu um carro importado de uma empresa fornecedora da Petrobras.

Silvio Pereira disse que enquanto estava no PT foi apresentado a muitas pessoas. Uma delas, um diretor da GDK, a fornecedora da Petrobras.Ele relatou que em uma das conversas com ele, regadas a uísque, disse que tinha o sonho de ter um "jipão", um jipe importado. O diretor da GDK, ainda segundo Silvio Pereira, teria falado que tinha mais de cem carros desse tipo na empresa. No encontro seguinte, o empresário apare

ceu com o carro, disse silvio.

- O carro, para mim, foi um grande erro, eu já paguei por ele.

Silvio Pereira disse qu

e ia pagar o carro, mas depois da denúncia, devolveu o jipe importado.

A GDK ainda não se pronunciou sobre as declarações de Silvio Pereira, à época das denúnicas, em julho de 2005, o vice-presidente da empresa, César Roberto Santos Oliveira, admitiu em nota ter presenteado o ex-secretário geral do PT com o carro importado.

A juíza Silvia Maria marcou para o próximo dia 17, às 13h, os interrogatórios do ex-ministro Luiz Gushiken e do ex-deputado professor Luizinho no caso do mensalão.